Jamais a conheci em vida. Ela existe para mim através dos outros, dos
depoimentos dos caminhos em que a sua morte os lançou. Voltando ao passado,
buscando apenas fatos, eu a reconstruí como menina triste e prostituta, quando
muito alguém-que-podia-ter-sido, rótulo que também poderia se aplicara mim.
Gostaria de lhe ter concedido um final anônimo, de tê-la relegado a breves
palavras de tira, num relatório sumário de homicídio, com cópia carbono para o
promotor, e mais a papelada para enterrá-la em vala comum. O único erro em
relação a esse desejo é que ela não teria gostado que fosse assim. Por mais
brutais que sejam os fatos, ela gostaria que fossem todos revelados. E como lhe
devo muito e sou o único que sabe a história inteira, incumbi-me de escrever
essas memórias. http://www.orelhadelivro.com.br/livros/3348/dalia-negra-best-bolso/
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