Esportes
Manifestação pede o fim das demolições do Célio de Barros e Júlio Delamare
Além dos atletas de alto nível, o fim dos complexos esportivos prejudica sociedade civil
Jornal do BrasilCaio Lima *
Desrespeito jurídico
Desde que o Júlio Delamare e o Célio de Barros foram interditados pelo governo estadual, três liminares impedindo o adiamento das demolições foram impetradas tanto pelas entidades esportivas envolvidas, como pela Defensoria Pública da União. Duas delas foram revogadas pelo Tribunal de Justiça (TJ) estadual e a última ainda está em vigor, ou seja, no momento nada pode ser removido do lugar. No entanto, segundo o presidente da Federação de Atletismo do Rio de Janeiro (Farj), Carlos Lancetta, aparelhagens do Célio de Barros foram “danificadas arbitrariamente”.
“A torre de controle da cronometragem eletrônica foi demolida e todo o cabeamento elétrico subterrâneo foi retirado sem nenhuma explicativa plausível. Outro equipamento destruído foi a gaiola onde são feitos os arremessos de peso e disco e, pior, serraram as grades e sumiram com o material. Tudo isso ocorreu com a liminar em vigor e está registrado na 18ªDP (Praça da Bandeira)”, denuncia Lancetta, que ressalta: “Quando fui tirar foto para registrar a arbitrariedade cometida, um segurança tomou o celular da minha mão”.
Lancetta, no entanto, não sabe dizer quem foi o responsável pela ordem de tirar os aparelhos do complexo, mas sabe que foi a empreiteira Odebrecht, que possui a maior porcentagem da concessão do Maracanã, a responsável pela ação. Segundo o presidente da Farj, foram gastos cerca de US$ 52 mil pela torre eletrônica e US$ 26 mil pela grade onde são efetuados os arremessos.
Já o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, se mostra mais preocupado com o futuro dos atletas olímpicos: “Estamos na pendência dessa liminar, que, por enquanto, proíbe qualquer demolição do espaço, mas estou pessimista em relação às Olimpíadas, pois a natação, que é uma das modalidades em que o Brasil tem grandes chances de medalha, não tem espaço público para os treinos. Temos que continuar com esses movimentos nas ruas. Só assim os governantes pensam duas vezes antes de praticar qualquer ação em detrimento do esporte”.
Presente no protesto, o defensor público da União, André Ordacgy, questionou a posição do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de Brasília, sobre as demolições.
“Temos pressa para que o Iphan nacional volte atrás na decisão de autorizar a demolição desses complexos esportivos. Verbalmente, já nos garantiram que não irão permitir torres de estacionamento, nem lojas e restaurantes. Aí, eu pergunto: demolir para quê, demolir por demolir?”, criticou Ordacgy.
Mesmo com a situação complicada, o defensor público ressaltou durante o protesto que, “pela primeira vez, uma liminar que impede a demolição não foi revogada pelo TJ-RJ em questões de horas”. Segundo ele, graças aos apelos dos movimentos sociais que acontecem em todo o Brasil.
O representante do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, Gustavo Mehl, garantiu que o grupo continuará a realizar uma série de manifestações nas ruas “para exigir o cancelamento imediato da concessão do Maracanã, que foi feito de forma arbitrária e trouxe prejuízos para os cofres públicos”.
*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil
Tags: cbda, complexo, defensoria, farj, maracanã, ordacgy
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